terça-feira, 4 de agosto de 2009

ANJOS DO SOL (1996)


Esta produção brazuca de 2006 é o primeiro longa-metragem dirigido por Rudi Lagemann (Xuxa em sonho de menina, de 2007; e a telenovela Chamas da vida, de 2008, na Rede Record). Lagemann escreveu o roteiro, que foi inspirado em vários artigos publicados na imprensa brasileira sobre a exploração sexual infantil. Além disso, ainda assina a produção e a direção do longa.
Anjos do sol é um filme forte, contundente e, ao mesmo, lírico ao revelar o drama das centenas, ou até mesmo milhares de crianças e adolescentes que são exploradas em um dos mercados mais lucrativos do mundo: a prostituição sexual infantil. O longa, em 92 minutos, nada mais e nada menos que 01 hora e 32 minutos, narra a saga de uma garota de 12 anos, Maria (interpretada por Fernanda Carvalho, que aparece nas telenovelas Caminho das Índias, de 2009 e Pé na Jaca, de 2007, ambas da Rede Globo), que mora no interior do nordeste brasileiro e é vendida pela família, no verão de 2002, a um recrutador de prostitutas, imaginando que a garota estaria indo viver em um local melhor, no entanto, não sabiam que se tratava de um recrutador de prostitutas. Depois de ser comprada em um leilão de meninas virgens, Maria é enviada para um prostíbulo localizado numa pequena cidade, vizinha a um garimpo, na floresta amazônica. Após meses sofrendo abusos e de ver uma de suas companheiras ser morta pelo dono do prostíbulo onde era prisioneira, após uma tentativa frustrada de fuga, Maria consegue, finalmente, fugir e atravessa o Brasil na carona de caminhões. Ao chegar ao seu novo destino, o Rio de Janeiro, a prostituição se coloca novamente no seu caminho. Neste ponto, Lagemann, mesmo criticando a exploração sexual infantil, fecha o filme tocando em um ponto importantíssimo e de fundo social-filosófico: o de que o meio determina o homem, pois, quando Maria não consegue ajuda para sair da prostituição, se vê obrigada a encarar o destino imposto pelo meio em que vive, uma vez que não conta com a sorte de encontrar alguém que a tire das beiras de estradas e de nenhum parente ou amigo que possa dar-lhe um abrigo e oportunidades para mudar de vida.
O filme conta com um elenco de primeira, traz Antônio Calloni (telenovela Caminho das Índias, de 2009, da rede Globo; e o filme Policarpo Quaresma – o Herói do Brasil, de 1998) no papel de Saraiva, dono do prostíbulo; Chico Diaz (Garrincha – estrela solitária, de 2004; Amarelo manga, de 2003; e Policarpo Quaresma – o Herói do Brasil, de 1998) no papel do recrutador de menores, Tadeu; e, Otávio Augusto (Boleiros 2 – vencedores e vencidos, de 2006; Central do Brasil, de 1998; e Ed Mort, de 1997) no papel de um homem importante na região, entre as atrizes Vera Holtz e Darlene Glória, numa história que nos mostra que, mesmo sendo rodado há 03 ou 04 anos, continua atual, ainda mais após assistirmos às reportagens do programa jornalístico, Fantástico, da Rede Globo, no domingo, 02 de agosto de 2009, em que várias crianças e adolescentes são aliciadas e exploradas sexualmente todos os dias, e o pior, por pessoas que estão no Senado representando o povo brasileiro ou por pessoas que integram grandes empresas e corporações, tanto mundiais, como nacionais. Deixo a pergunta: é este tipo de pessoa que queremos que nos represente no Senado?
O longa vale a atenção na frente da telona, pois, além de ser atual e contar com ingredientes que transitam da denúncia social ao lirismo, abocanhou, em terras gaúchas, 06 Kikitos de Ouro no Festival de Gramado de 2006, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Edição e Montagem (Leo Alves, Felipe Lacerda e Rudi Lagemann), Melhor Ator (Antônio Calloni), Melhor Ator Coadjuvante (Otávio Augusto) e Melhor Atriz Coadjuvante (Mary Sheila). Ganhou também, o Prêmio ACIE de Cinema, na categoria de Melhor Ator (Antônio Calloni), além de ser indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Fernanda Carvalho) e Melhor Roteiro. Em terras internacionais, no Miami International Film Festival, causou frisson e trouxe, debaixo do braço, o prêmio de Melhor Longa de Ficção Ibero-Americano, escolhido pelo Júri Popular.

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